Considerado como o melhor jogador de todos os tempos, Pelé atuou pelo Santos FC. Equipa brasileira que lançou jogadores como Neymar, Thiago Costa, Robinho entre outros craques. No ano de 1969 propriamente no dia 4 de fevereiro, os jogadores do Santos foram convidados a fazer parte de uma excursão à África sem um jogo contra a seleção nigeriana incluído na programação.
Na época, a Nigéria estava no meio de uma guerra civil, iniciada em maio de 1967, quando a região do Biafra, no sudeste do país (atual Benim), se emancipou. O conflito durou até janeiro de 1970, com a derrota dos separatistas. Os cálculos apontam mais de 2 milhões de mortos na guerra.
Havia uma comoção global contra a violenta repressão do governo nigeriano sobre os biafrenses. Artistas como Joan Baez, Jimi Hendrix e John Lennon, autoridades como o Papa Paulo VI e organizações como a ONU tentaram conter o conflito. Sem sucesso.
O Santos FC foi levado para a Nigéria a convite do governo local para jogar contra uma seleção da região do centro-oeste, onde está Benin City. O amistoso não fazia parte da programação inicial daquela excursão para a África, turnê que deveria ter se encerrado três dias antes com a última partida acontecendo na cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo), em Moçambique.
A versão do Santos diz que “havia um conflito em Benim entre duas facções, de ideologias diferentes. O prefeito anunciou que o Santos jogaria na cidade para ajudar na arrecadação de dinheiro para reconstrução do entorno e pediu o cessar fogo. No período de dois a três dias, os conflitos pararam”, conta o historiador Gabriel Santana
A delegação do clube brasileiro acabou se deslocando para Benin City sem saber o que estava acontecendo, os jogadores estavam inocentes e despercebidos do conflito, até serem informados que estavam numa zona de guerra, a reação de surpresa tomou conta do momento.
"Quando chegamos, alguém falou que o nosso time ia parar uma guerra. A reação foi uma só: 'O que? Vai parar uma guerra? Que guerra? Tava tudo normal!", disse Lima, antigo jogador do Santos FC entre 1961 até 1971.
"E o empresário responsável pelas nossas excursões falou: 'Eles estão guerreando entre eles e vocês é que vão resolver esse problema", afirmou Edu, antigo jogador do Santos FC de 1966 até 1978.
No dia do jogo o governo Nigeriano declarou um cessar-fogo para que eles pudessem se deslocar, do hotel para o estádio Ogbe em segurança e depois retornar ao local onde estavam hospedados. Segundo o jornalista brasileiro Gilberto Castor Marques, que foi único jornalista que acompanhava a excursão da equipa escreveu para "A Tribuna". Nas páginas do jornal, ele registrou que foi decretado feriado local por causa do Santos.
Segundo algumas fontes os adeptos de ambas as partes da guerra sentaram para verem o Rei Pelé jogar, e na partida infelizmente o mesmo não marcou golo mas o Santos venceu a equipe local por 2 a 1. Golos de Toninho Guerreiro e Edu. No dia seguinte, o Santos foi embora do país. A guerra prosseguiu como se nada tivesse acontecido, tão terrível quanto antes e só cessaria com a total dominação da região separatista.