Mandume Ya-Ndemufayo ou simplesmente Rei Mandume foi o último rei dos kwanhama, Filho do rei Ndemufayo e da rainha Ndapona Shikende, Mandume nasceu em 1884 nas terras do Reino kwanhama, um estado nacional dos povos kwanhamas, do grupo etnolinguístico dos ovambos, do sul de Angola e norte da Namíbia. Nomeado Ohanda (Rei) aos 21 anos em 1911, tornou-se o mais famoso líder dos Kwanhama por ter enfrentado de forma contundente as forças coloniais portuguesas e britânicas. Educado por missionários alemães, o rei Mandume falava Alemão, Portugues, Inglês e Kwanhama.
No século XVIII, o reino Kwanhama tornou-se notável em seu território e começou a fazer comércio de armas com os alemães. Com a invasão portuguesa, Mandume comandou diversas batalhas como a de Omongwa, conhecida por ter durado cerca de três semanas. Durante este episódio violento, Mandume foi aconselhado por enviados britânicos a conduzir seu exército e marchar em direção à Oihole, enquanto negociavam com os portugueses sua retirada em direção ao norte. Já prevendo uma traição, Mandume põe fogo em seu palácio em Ondjiva e parte em direção ao sul. O exército português estava montando suas colunas para emboscar Mandume com o consentimento dos britânicos.
Ao ser recebido pelo rei Shihetekela em Ombandja, Mandume se estabelece e continua enfrentando ofensivas de britânicos e portugueses de ambos os lados em batalhas cada vez mais sangrentas.
No dia 30 de outubro de 1916, Portugal enviou uma grande força ostensiva de 7 mil homens para derrotar o povo Kwanhama comandada por Raul Andrade. Atraídos por uma cilada, os portugueses acabam sendo esmagados em campo de batalha e tem seus corpos expostos como prova da bravura dos guerreiros Kwanhama.
Em dezembro de 1916, recebe do comandante britânico um ultimato: ou aceitaria a divisão de seu território ao meio entre Portugal e Grã-Bretanha submetendo-se a ambas autoridades, ou deveria entregar-se e ser destronado. De forma altiva, Mandume responde com uma frase que tornou-se célebre até os dias atuais:
“Meu coração me diz que não fiz nada de errado. Se [o europeu] me ama, eu estou aqui, eles podem vir e podem me tirar daqui. Eu não vou disparar o primeiro tiro, mas eu sou um homem e não um [pequeno antílope]. Eu lutarei até que minha última bala termine”
Em 6 de fevereiro de 1917, após ter seu abrigo cercado por portugueses e britânicos com blindados e forte armamento, conta-se que fugiu com seus fiéis comandantes para baixo de um enorme imbondeiro e perguntou a cada um se preferiam ficar vivos e servir aos Europeus ou morrer junto ao seu rei. Tendo todos escolhido a morte, Mandume atira em seus companheiros, suicidando-se em seguida, mas o relato oficial sul-africano afirma no entanto que ele foi morto a tiros por um destacamento das forças britânico-sul-africanas.
Hoje Mandume Ya-Ndemufayo é exaltado como um dos mais respeitados líderes africanos, sendo citado como exemplo de resistência e tenacidade na história africana.
Ver também: Ritual de circuncisão (Mukanda) do povo Cokwé